Crônicas de um país sem sobrenome

Arquivo para novembro, 2010

Barraco de madeira contra a faca na caveira

There´s something wrong in Rio de Janeiro, the city of 2016 Olympic Games. Eis a notícia internacional mais comentada, atualmente, nos maiores jornais do mundo, desde o New York Times, até o Clarín de Madrid. Well, que algo está errado no Rio de Janeiro, sem dúvidas a mais bela das grandes cidades brasileiras, não é novidade pra nenhum brasileiro, ou pra nenhum cidadão mundial que tenha visto Tropa de Elite ou Cidade de Deus, mas o que está de fato errado no Rio de Janeiro, desta vez, é algo bem diferente.

Semana passada, o Rio entrou em guerra. Novamente. Jornais do Brasil todo, em papel, led ou pixel, mostraram incessantemente tiroteios na Vila Cruzeiro, traficantes contra os fardados do BOPE, seguidas de fuga em massa de pessoas (disseram: aproximadamente 150 traficantes) para o Complexo do Alemão, e seguidas, aí sim de forma até mesmo inconveniente, dos detalhes operacionais da “ação pacificadora”, com detalhes dos carros emprestados pela Marinha que fariam qualquer aficcionado por armas bélicas ter orgasmos múltiplos.

A bola da vez, logo em seguida, foi o Complexo do Alemão, onde, após tiroteios e muita tensão (notada nos rostos dos repórteres locais, escondidos até o pescoço em coletes blindados personalizados), hastearam uma bandeira nacional no topo do morro. Disseram: repatriamos a favela. We won, Rio is at peace. E o estrangeiro que vê de fora ficou maravilhado.

Mostraram a estrutura do tráfico, becos obscuros, de degraus desbeiçados e irregulares, bloqueando tolenadas e toneladas de maconha, cocaína, crack, em ambientes bem iluminados e devidamente refrigerados. Mostraram a casa do traficante, enfatizando incessantemente o luxo da banheira e da piscina, no meio da simplicidade da favela. Mostraram as tatuagens dos detidos, com alusões claras ao tráfico e ao consumo de drogas. E o estrangeiro que vê de fora ficou revoltado.

Seguiram-se entrevistas. No local dos tiroteios, em centrais do BOPE e da Marinha, no estúdio dos telejornais: “tomamos de volta uma área dominada pelo tráfico”, “os moradores podem ficar tranquilos”, “realizaremos agora a operação pente fino”, “cada casa e viela é uma possível ameaça aos policiais”, “os moradores devem se esgueirar nos cantos para não serem pegos de assalto”, “quem se opor à operação, não liberando a revista minuciosa de sua residência, será indiciado como contribuinte bla bla bla…” E o que se mostra, agora, é o que restou dos becos, ainda em chamas, da antiga Vila Cruzeiro, hoje cenário de guerra, que não faria Michael Moore algum botar defeito.

Começa, a partir daí, a ser mostrado o que, de fato, está errado no Rio de Janeiro. A favela, que indescutivelmente é o antro da ação do tráfico, é antes de mais nada algo bem diferente do que se mostra na TV: morada de uma massa trabalhadora, que convive agora, além da pobreza e do pouco espaço para criar seus filhos, com balas a esmo partidas, inicialmente, dos gatilhos de quem deveria proteger a segurança e a paz destes: a polícia. E se os jornais noticiam que os locais convivem com tiros desde antes da chegada da polícia, que “tomou de volta este pedaço do Brasil”, isso não dá direito algum para que os órgãos públicos, que se apresentam agora na farda após anos de ausência na estrutura básica social, cometam o mesmo atentado para com a paz da população local.

Não há possibilidade de tranquilidade com a ameaça constante de sua casa invadida pelo pente fino da polícia, justificada incessantemente na mídia e pintada como ação de heroísmo e civilidade. Não há justificativa que seja satisfatória para ações de truculência contra pessoas honestas, sim, a grande maioria dos moradores da favela. E a bandeira nacional, hasteada no alto do morro às custas do sossego cravejado de balas dos moradores locais, deveria mesmo ter sido hasteada muito antes, no telhado do posto de saúde (que nunca existiu), da escola (que nunca existiu), dos centros sociais (que nunca existiram).

Não, não se trata de defender o tráfico. Longe disso. Trata-se de garantir, de fato, a paz aos moradores locais, exatamente o que os coronéis e capitães da TV tanto dizem nos noticiários. E se a idéia era, de fato, acabar com o tráfico, fica a dica: procurem lá embaixo, nas orlas. Os verdadeiros financiadores das ações ilegais que acontecem nos morros estão lá, no meio da areia da praia, com as clases média e alta, e com os mesmos estrangeiros que acompanham e aplaudem este circo montado nos morros da Zona Norte. E deixem os moradores dos morros, away from 2016 Olympic Games, definitivamente em paz.

Atualização de 23/12: Agradecimentos ao queridíssimo Zig, ou Ziig (não sei quantos Is tem aí no meio), dono deste outro belo espaço, pelas dicas necessárias nos trechos “in english”. Thanks my dear, you´re always welcome here!! Lov ya!!

Cínico Sol Reluzindo a Cor da Consciência

Nosso sangue é negro, branco, amarelo e vermelho

No último sábado, dia 20 de novembro, enquanto o sol cintilava com um sorriso sarcástico por fritar nossos neurônios e pele, a sociedade participava, desinformada, de um dia em que nossa consciência estava negra!

Inconscientemente, quando dizemos que algo está obscuro, enegrecido, às sombras, ideias negativas surgem em nossa mente. A ideia do obscuro desconhecido nos assusta, do enegrecido maculado nos causa repulsa, e aquilo que está às sombras da marginalização nos é indiferente.

Mas no dia vinte de novembro nossa consciência estava positivamente negra (ou seria para estar), era o Dia da Consciência Negra.

Para os politicamente corretos é o Dia da Consciência Afro-descendente, mais apropriado por não estigmatizar o indivíduo. Esse papo furado é uma forma de esconder o preconceito mais perigoso, que é o recalcado sob um discurso recheado de eufemismos sociais.

Qualquer que seja a forma da pronúncia, o status continua o mesmo. Esse feriado opcional é um tanto quanto audacioso, pois tenta reunir em um único dia vários aspectos e significados: é o dia de combater o racismo, é o dia de lembrar um passado que muitas vezes queremos esquecer, é o dia de refletir sobre a contribuição negra para o crescimento do país.

Contudo essa intenção também pode segregar. A própria palavra Racismo se origina da palavra Raça, e biologicamente não há mais que uma raça dentro da espécie humana. A categorização exagerada está deturpando a realidade de que a humanidade constitui uma unidade, com suas diferenças sociais, culturais, religiosas… obviamente. Mas a partir disso tentar definir sub-unidades através da concentração de melanina, é burrice.

É claro que reconheço a importância desse dia como aspecto histórico que até pouco tempo atrás definiu o indivíduo como negro e não como ser humano. Mas já está na hora de partirmos para o conceito de unidade com características diferenciais. Só assim a verdadeira consciência aflora.

Qual é, qual foi, por que que tu tá nessa?

E a nação acompanhou, alheia e alienada, e de boca aberta, a candidatura e a louvável eleição de Francisco Everardo de Oliveira Silva, o palhaço Tiririca. E ainda mais alheio e alienado, o povo acompanha, com o queixo quase no chão, a batalha quase herculiana dos membros do governo que tentam, sob todas as alegações, eliminar este fenômeno de seu posto de deputado federal, conquistado nas urnas no dia 3 de outubro deste ano. Mas afinal, o que tanto incomoda no Tiririca? Acompanhemos, enfim, alguns pontos interessantes sobre tudo isso.

Tiririca começou sua carreira pública na “música” (aspas colocadas por razões óbvias), um ambiente que, sabidamente, passa longe de ser político. Ou não, e exemplos não faltam: quem viu Frank Aguiar na Câmara há de concordar. Quem viu Gilberto Gil se esmorecer no Ministério da Cultura, também. Quem viu o Netinho tentar (risos contidos) um cargo no Senado então…

Tiririca teve uma carreira decadente. Desapareceu do Gugu logo após a Florentina (amém) desaparecer do rádio, especialmente após suspeita, completamente infundada e hipócrita, diga-se, de racismo. Para ele, os holofotes se apagaram com a mesma velocidade em que se acenderam. E quem viu Clodovil na Câmara, além de inúmeros outros candidatos deste e de outros anos, sabe que isso não é problema algum para se eleger legitimamente um representante do povo em Brasília.

Tiririca aproveitou-se dos remanescentes de sua popularidade, e numa versão envelhecida e gorda do cantor de antigamente, fez uma campanha eleitoral baseada em fatos que, apesar de incòmodos, são reais: ninguém sabe o que um deputado federal faz. Por que ele, o candidato, deveria saber? Ao menos o palhaço se propôs a contar, assim que descobrisse, e até onde se saiba, isto nunca havia sido proposto em nenhuma eleição anterior. Alguém se arriscará a dizer que ele foi o único na história a conquistar um cargo público sem saber do que se trata?

Daí o discurso fica bonito, e alguns dirão que ele se elegeu pelo fato de o brasileiro não saber votar. De não entender a importância do ato nas urnas, não dar o devido valor ao dever cívico do exercício da democracia… como se alguma vez tivesse sido diferente, né?

A última cartada dos opositores do cargo público do Tiririca foi atacar o fato de que, provavelmente, o palhaço não sabe ler. Parece-nos que “nunca antes na história deste país” um analfabeto fora eleito. E onde fica o absurdo ao se pensar num analfabeto para representar o povo? Bem que gostaríamos que o cearense Francisco Everardo fosse uma exceção: não é, é regra.

Calma, é que precisa-se manter sob a Câmara dos Deputados uma nuvem de sobriedade, de seriedade, regada a bastante estudo e dsiciplina. Como se fosse absolutamente necessário ser letrado para assinar algum documento em Brasília, onde, via de regra, não se lê qualquer proposta de lei, apenas faz-se um rabisco, de acordo com suas amizades. E se a questão é a falta do canudo, ora, é mais fácil ainda: basta matriculá-lo imediatamente em qualquer universidade particular de esquina e deixar o homem governar.

Talvez, Tiririca, que no auge de seu sucesso era tratado como cantor e agora é conhecido apenas como “o palhaço”, tenha se equivocado em mostrar suas palhaçadas em campanha eleitoral. Seu erro foi seu escracho: ele não quis parecer sério. Quem quis, reclamou. No Brasil, uma campanha eleitoral cercada de choças e palhaçadas, permeadas por frases de efeito e sem quaisquer propostas de governo, é privilégio exclusivo dos candidatos à presidência do segundo turno…

Aguardemos ansiosamente, e com a boca ainda bem aberta, as próximas cartadas dos que tentam destituir da Câmara este exemplar (sentido literal) brasileiro. E que as palhaçadas fiquem, de fato, no lugar onde elas devem sempre ficar: dentro das paredes do Senado e da Câmara, sem a presença de holofotes e com os sortilégios que a elegância e o refino proporcionam.

E assim, trava-se esta infundada batalha para a despedida do único recordista de votos de todos os tempos que mostrou-se, finalmente, típico representante do Brasil, com total sinceridade em suas frases (algo cada vez mais raro no mundo da política), e que ganhou seu cargo nas urnas, de forma honesta, sem proferir uma só ofensa ou doar uma só cesta básica ou fileira de blocos. Raridade, espécie em extinção.

Uma pena: quem sabe não teríamos um representante, em todos os sentidos da palavra, que de fato pensasse em propostas contundentes e que, por fim, respondesse às reais vontades do povo brasileiro…

Mais um Feriado

"Mais" afinal de contas, qual a importância de nossa identidade cultural unificadora, a Língua Portuguesa?

Hoje, dia 15 de novembro de 2010, completamos o centésimo vigésimo primeiro aniversário de nosso Brasil República. Mas será que realmente temos algo a comemorar, ou basta agradecermos por ser um feriado abençoando aquilo que seria uma segunda-feira de muita reclamação e pouca disposição?

O início republicano foi proclamado às avessas de uma compreensão abrangente. Não houve participação das camadas populares, os primeiros presidentes eram militares… os exemplos das contradições acerca da mudança política são muitos, e delongar no assunto poderia causar desilusões irreparáveis.

É certo que a nova forma política, talvez não nova forma de governar, contribuiu para a consolidação de uma unidade territorial melhor definida, mas ainda assim a sociedade era posta às margens do conhecimento e entendimento da política.

Hoje, após cento e vinte e um anos da Proclamação, ainda sofremos uma forte falta de integração de unidade sócio-nacional e demasiada regionalização negativa, personificada pela senhorita Mayara Petruso e seu comportamento xenófobo interno. Acontece que há muitas Mayaras, algumas da Silva, outras Cavalcantis, escondidas na falta de consciência de uma população despolitizada, talvez reflexo da secular falta de participação política, ou mesmo um inconformismo injustificado baseado no senso comum.

Mas não há razão em refletirmos sobre as considerações deste texto visto que daqui a quatro anos a copa do mundo é aqui, e essa sim , é uma preocupação pertinente ao próximo governo, amém!

Brasil do que?

A criança nasceu. E já faz um certo tempo. Claro, ainda não deixou de ser uma criança (mas adulta, certamente não é). Como qualquer pai orgulhoso da nova cria, trataram logo de chamar o pároco local e batizá-la. Sabe como é, é preciso registrar, dar um sobrenome, garantir a prole. E assim o mundo todo se abismou ao conhecê-la: prazer, a pequena Vera Cruz.

Fato é que a pequena Vera cresceu num lar de afeto. Jamais poderia, em algum momento de sua vida, reclamar do amor de seus pais: se presença na vida da criança era sinal de amor, Vera Cruz fora uma criança bem amada. Mimada até. Quem sabe? Quem julga?

Belo dia, no entanto, a pequena cresce. Aparece. Esbarra na tênue barreira entre ser criança e querer (sempre) mais, rebela-se contra os amados pais, pelos motivos que, sabe Deus quais, uma criança acha que tem para rebelar-se. Foge de casa, e sozinha, a partir de agora, decreta pra si e para quem quer que a escute no mundo: “morte ao meu nome”. O sobrenome era o problema: “Cruz” nunca combinou com seu espírito. E Vera, no ápice de seu processo de auto-conhecimento, de formação de sua identidade, sexualidade, afetividade, criatividade, achou um novo nome que mais bem lhe condiz. Artista sempre faz isso, não é? Algo único, forte, com a sonoridade dos adjetivos exóticos, quente como brasa que fere o pé descalço… Decreta-se, assim, a morte da pequena Vera, Vera Cruz (que de Cruz, achava, nada tinha), e o nascimento da “adolescente-rebelde-mimada-que-julga-ser-dona-de-asas-pra-voar”: prazer, Brasil.

Pois aconteceu que, aos poucos, a pequena Brasil, iniciada em sua vida autônoma cheia de trancos e conflitos com seus pais e com o mundo, achou um lugarzinho ao sol, destacou-se, mostrou sua cara, a que veio, existiu, gritou aos quatro ventos, chamou a atenção, fez berreiro, enfim, o mundo a viu, deu seu canto, chamou-a “referência”. Bem Brasil… Auge de sua adolescência, a ex-pequena, agora dona de seu próprio nariz, esbarra na mais básica, simples e crua das perguntas de quem, por algum motivo igualmente simples e inexplicável, deseja em sua essência manter contato com a pessoa próxima: “mas… é Brasil do que?”

Rubor. Suor frio. Definitivamente, pensa a pequena, seu primeiro sobrenome não condiz com sua natureza, ainda mais quando quer fazer amigos. Fato é que, na sociedade em que a menina vive, como na verdade o é em qualquer lugar no mundo, é importante ter linhagem, história, passado, estirpe, e tudo isso é contado pelo sobrenome. E a recém-nascida Brasil não tem. Qual seria, portanto, um sobrenome adequado pra pequena rebelde de nossa história? Como responder, friamente, com a certeza de um amanhecer que precede nova noite, tal importante questionamento feito a esta criança que, acabara de perceber, ainda era uma criança em si?

Brasil pensou. Refletiu. Chamou especialistas, cientistas, padres. Políticos. Xamãs, cartomantes, benzedeiras, rabinos, numerólogos, bispos, mães de santo, pastores. Leu a previsão do seu signo. Bem Brasil… Nada.

Pensou na imagem que quer passar ao mundo. Naquilo que, como deseja toda menina recém descoberta como alguém de sexualidade pulsante, deseja que os outros lhe reparem. Cogitou chamar-se, “Brasil Marinho”. “Brasil Civita”, talvez. Não. São coisas que é melhor manter como estão, não é? Qual o motivo que leve a menina a revelar o segredo de seu charme e da sua imagem? Voltou atrás.

Lembrou-se das coisas que a divertem, que a distraem, que a fazem sorrir em desespero, e que, em muitos casos, deixam a menina de cabeça avoada esquecer até mesmo de quem é, só pra sentir-se bem, nem que seja por alguns instantes. “Brasil Arantes do Nascimento”, “Brasil Senna da Silva”. “Brasil Nazário” talvez, eureka! Bem Brasil… Pensou melhor. Achou que ninguém a levaria a sério. E talvez não a levassem mesmo. Sabiamente, mudou de idéia.

Difícil. Pensou, talvez, naquilo que tocava seu “eu-interior”. Sua paz, seu espírito. Decidiu. Soava feio, mas lhe era acalento: “Brasil Bento XVI”. Ok, menos: “Brasil Evaristo Arns”. Algo mais Brasil, ela mesma, e menos coisa de seus pais, talvez: “Brasil Cândido Xavier”, ou “Brasil de Ogum”… achou-se completamente contraditória, e como qualquer menina de sua idade, na flor de sua rebeldia sem causa aparente, gritou um belo “ninguém tem nada a ver com isso”, engoliu o assunto e mudou de idéia. Novamente. Bem Brasil…

Pensou em seus padrinhos. Tantos… Fitou os mais modernos. “Brasil da Silva” seria bacana, não? Talvez, pouco pomposo. Que tal a versão mais sofisticada e menos calango-frito, “Brasil Roussef”? Aí já é demais… Ora, se tinha vergonha de seus pais, teria também daqueles que, tão orgulhosamente, construiram a personalidade que Brasil tem hoje em dia? Papel e caneta na mão, anotou: “Brasil Magalhães”. “Brasil Sarney”. Pensou em abandonar a idéia. “Brasil Maluf”, torceu os lábios em repúdio. Ao menos ninguém diria não ser pomposo…

E se esta menina de tão pujante personalidade, agora tão cansada de pensar em algo que lhe responda, resolvesse logo parar de esconder seus segredinhos sujos e escancarasse o que de mais pútrido tem em sua mentalidade tão fértil? “Brasil da Penha”, “Brasil Zumbi”, por que não? “Brasil Beira-Mar” é um belo nome, convenhamos. Remete ao ouvinte a bucólica paisagem paradisíaca das ondas de um cartão postal. Bem Brasil… Bom senso, menina, bom senso.

A qual conclusão chegou a confusa cabecinha da pobre menina? Ninguém sabe. Buscar a sua identidade, menina órfã por opção que julga ser dona de si mesma, a fez entender que, na verdade, não há sobrenome que lhe encaixe em definitivo, que seja lindo, sonoro, e que ao mesmo tempo diga algo de si. Artista sempre faz isso, verdade, mas Brasil encara o fato de não ser, ainda, artista. Coitada… Ironicamente, ao que parece, enquanto procura um nome próprio que talvez nunca seja encontrado, a julgar por aqueles cujo nome da criança representa, sobra-lhe como cada vez mais cheio de significado seu nome de batismo. Principalmente, o sobrenome que ela mais odeia. Bem Brasil…